segunda-feira, 12 de maio de 2008

MINI-SÉRIE: A QUÍMICA DO AQUECIMENTO (3)

CAPÍTULO TRÊS - ÚLTIMO
(De barriga vazia)


A aventura ganha seqüência em outro cenário: o da fome. Anunciado há décadas, a natureza não perdoa a ação destruidora do homem e começa a sua vingança pelo seu ponto fraco: o estômago (as moças que querem se casar ou continuar casadas sabem do que eu digo). A trajetória é simples (para os conspiradores de plantão): o planeta aquece, o equilíbrio térmico é alterado, os combustíveis fósseis entram como bodes expiatórios, os biocombustíveis chegam para apaziguar essa situação e, de imediato, estes últimos são tidos como vilões também, porque a comida começa a faltar.

A natureza heterotrófica funciona assim: energia bioquímica é proveniente de muitos recursos alimentícios e a principal delas é o carboidrato; esse danadinho é a fonte rápida de energia às células; a gordura (lipídios) é a fonte lenta; as proteínas são as fontes reserva se essas duas outras falharem.
A produção de etanol (biocombustível) funciona assim: para fazê-lo é preciso carboidrato.


Aí, está! Os carboidratos estão sendo muito requisitados ultimamente. Então, é hora de pegar a enxada e produzir mais, porque eles vêm da terra, principalmente. No ciclo alimentar, seres autótrofos (plantas, por exemplo), usam o sol (energia natural), o gás carbônico e a água para produzirem seu próprio alimento: o carboidrato; esse nutriente excedente é reservado e consumido pelos seres heterotróficos (o homem, por exemplo), pois estes não produzem seu alimento.

Vocês sabem aquela situação do casal, na cama, clima frio e a coberta estreita? Muitas coisas aconteceriam, como vocês mesmos já devem estar imaginando... Então, para especificar, esse casal já tem uns dez anos de casamento. O que ocorre? Um dos dois fica sem coberta, normalmente o homem, que é mais resistente ao frio (talvez por conta disso). No nosso papo principal, os alimentos são o homem e os biocombustíveis são a mulher.

Cana (para açúcar) e milho, no mundo, são os recursos mais usados na fabricação de etanol. Na alimentação humana, eles são tão exigidos quanto. Não só por isso, o largo uso de espaços de terra para o plantio deles não para consumo alimentar tira o lugar de cultivo de outros tipos de alimentos e o desabastecimento surge. Por enquanto, isso está longe de acontecer; a comida, hoje, está em falta por outros motivos, que mencionaremos depois. Porém, o fato de usar comida para fazer combustível é sério e não deve ficar irrelevante no nosso cenário, tanto é verdade que foi criado um grupo de estudos sobre esse caso na ONU.


Para a Organização das Nações Unidas (ONU), a influência da produção de biocombustíveis na crise mundial dos alimentos se restringe ao etanol dos Estados Unidos, produzido a partir do milho, e não do brasileiro, que é feito de cana-de-açúcar”.
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Isso precisou ser dito por que chiaram com o etanol brasileiro, que é feito a partir da cana-de-açúcar. Na verdade, generalizaram o assunto biocombustíveis e sobrou para os tupiniquins aqui escutar poucas e boas do mundo. Então, essa história ganhou esclarecimentos. Vou resumir: a cana-de-açúcar não é (muito) problema para o desabastecimento de comida porque 15% do solo usado no seu plantio são renovados com outras lavouras (feijão, soja, etc.). Pela lógica, assim, se mais cana é plantada, mais comida extra é plantada também. Para piorar a situação dos EUA e seu milho, esse cultivo não requer rotatividade (pausa para plantar outros alimentos) e o governo fornece subsídios aos seus produtores. Pela lógica, além do milho ocupar totalmente o solo usado por outros artigos, o governo incentiva essa atitude dando mais lucros aos fazendeiros de milho.

Vejam como a cana-de-açúcar é boazinha.

A cana-de-açúcar gerou no ano passado, pela primeira vez na história, mais energia do que as usinas hidrelétricas, tornando-se a segunda maior matriz energética do Brasil. (...). Na liderança, ainda está o petróleo (...)”.
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(...) o país não chega a utilizar 20% de suas terras agricultáveis. Há muita terra a ser explorada, sem derrubar uma árvore de floresta nativa. Considerando-se ainda os ganhos de produtividade, o Brasil poderia tranqüilamente multiplicar a produção de alimentos e etanol nos próximos anos, sem que uma cultura tenha que roubar o espaço das demais”.
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Agora, vejam o “malvadão” milho americano:

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a produção de etanol americana é responsável por metade do aumento da demanda mundial de milho nos últimos três anos. Isso aumentou o preço do milho e o preço das rações. Dessa forma, aumentam também os custos de produtos bovinos e suínos, já que o milho é usado em rações animais. De acordo com o Departamento de Agricultura, o mesmo ocorreu com outras colheitas - principalmente soja - quando os produtores decidiram mudar seus cultivos para o milho”.
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O que pode salvá-los de mais uma repulsa planetária é a tecnologia de produção de álcool a partir da celulose (constituída por carboidratos, também), que ainda não existe maneira rentável de existir.

Voltando ao parâmetro mundial da escassez de comida, diz-se que se produz mais alimento a que se consome, ou seja, a crise de fome é causada pelo desperdício de quem produz mantimentos.


A Coréia do Norte enfrenta gravíssimos problemas com a falta de comida em áreas rurais e a escassez em massa de alimentos é apenas uma questão de tempo (...). A estimativa é que 6,5 milhões de pessoas sofram com a falta de comida”.
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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, foi ao Congresso pedir 770 milhões de dólares (aproximadamente 1,3 bilhão de reais) em ajuda alimentar para tentar amenizar a crise de escassez de comida, que se instalou em vários países por causa da alta de preços”.
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No geral, acredita-se que são cinco os fatores que estão causando o desabastecimento: países gulosos, petróleo caro, “ti-ti-ti” da economia, o milho Yankee, natureza (enchente, tufões, geadas, etc.). Para saber mais detalhes, visite este sítio.

E quem sofre mais com esse impacto? Os países pobres, claro. Se o etanol puder ser feito a partir da celulose, será uma ótima. Nosso Departamento de Química da FURB, em conjunto com algumas outras universidades brasileiras, está pesquisando justamente isto! A circunstância é promissora. Só que, se isso der certo, vão acusar que faltarão roupas no mundo.

Sempre assim... Continua a busca pelo equilíbrio.


FONTES:
- BIOCOMBUSTÍVEIS E ALIMENTOS- Veja.com
- FALSO VILÃO - Veja.com
- CRISE DOS ALIMENTOS - Veja.com


INFORMES
(Utilidades para esta semana)

- No momento, o Departamento de Química da FURB está sem secretária de manhã e à noite e seu funcionamento está racionado. À tarde, função plena.

- A RASBQ (Reunião da Sociedade Brasileira de Química) aproxima-se e, com ela, a divulgação do Encontro da SBQ da Região Sul, que será aqui na FURB, em novembro deste ano. No próximo post, vou procurar colocar aqui alguns títulos dos trabalhos que serão apresentados na Reunião nacional.

Frase da Semana:"Nesse domingo, eu sou da mamãe"!

Sorte da Semana: "Colunas-flash são mais rápidas que Rubens Barichello".




Cabou-se por hoje.

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