Um cadinho sobre como surgem os remédios
Assim, a história de se obter um medicamento contra alguma doença é beeeem longa. Precisaríamos de algumas horas para tal. Não é o nosso caso, certo? Então, vou falar só o basicão e expor como exemplo dois produtos Merck contra AIDS, um que deu certo e outro que foi abortado antes de chegar à venda.
Pra início de conversa, um químico orgânico é um cara louco o suficiente para revelar uma molécula capaz de “atrapalhar” de alguma maneira o agente causador de uma doença, seja um microorganismo, seja alguma deficiência genética. A molécula nova pode ser de origem natural, sintetizada a partir de um produto natural ou totalmente sintética.
Com o auxílio da informática e um planejamento científico, os químicos desenvolveram várias moléculas (dezenas, centenas, o que for preciso) com uma estrutura básica (como se fosse os fundamentos de uma casa) e eles modificaram um detalhe aqui, outro acolá, até que chegaram a essa estrutura abaixo.
CRIXIVAN
A idéia inicial era a de um composto que inibisse a enzima HIV-protease, importantíssima para o vírus causador da AIDS. Ela foi o Crixivan. O dito cujo imita o reagente natural de que o vírus precisa para sobreviver; mas, como a nossa molécula, ops, a molécula da Merck é a versão pirata, ela acaba detonando o HIV. Uma vez a substância obtida e isolada, foi feito vários testes in vitro (só com o vírus controlado), in vivo (em animais como ratos, cachorros, etc.) e, finalmente, em seres humanos. Aprovado em todos os quesitos, o medicamento foi ao mercado.
Recentemente, a Merck anunciou uma vacina contra AIDS.
“A vacina (HIV-1), utilizada pela Merck nos testes clínicos de fase 1 e 2, chamados STEP, era baseada em uma cepa enfraquecida do vírus muito comum do resfriado, o Adenovírus 5 (Ad5), como vetor de porções de HIV no organismo. Essas "porções" deveriam deflagrar, normalmente, uma resposta do sistema imunológico contra uma infecção posterior pelo HIV. A pesquisa (...) mostra como essa vacina (...) não apenas foi ineficaz para impedir a infecção com o vírus, como a facilitou”.
FONTE: Revista Veja. LEIA NA ÍNTEGRA CLICANDO AQUI.
Essa pesquisa que não deu o resultado esperado começou em 2004 e foi interrompida subitamente em 2007. De certo modo, o desenvolvimento de uma vacina envolve mais biologia do que química, a grosso modo. Entretanto, sempre é necessário conhecer quimicamente a atuação de cada uma das muitas peças que participam de uma doença.
Fazer um medicamento, normalmente, leva anos. E a química medicinal, ainda bem, está em franca ascensão em nosso país.
REFERÊNCIA:
SOLOMONS, T. W. Graham; FRYHLE, Craig B. Química orgânica. 7. ed. Rio de Janeiro : LTC, c2001. nv, il. Tradução de: Organic chemistry.
CABOU-SE POR HOJE.